Projeto Tratado de Paz leva Cultura Hip Hop a escolas
Iniciativa do rapper e escritor Chiquinho Divilas propõe ações culturais e atividades com estudantes de quatro escolas públicas caxienses
Uma série de atividades pensadas a partir dos elementos da Cultura Hip Hop são o foco das atividades do projeto Tratado de Paz, que começa a ser realizado a partir do dia 29 de abril na Escola Municipal Villa Lobos. Concebida pelo rapper e escritor Chiquinho Divilas, a proposta chega ao ambiente escolar com shows, palestras, bate-papos e oficinas. Depois da Escola Villa Lobos, o projeto será realizado na Escola Municipal Paulo Freire (a partir de 06 de maio), Angelina Sassi (14/05) e Basílio Tcacenco (20/05) sempre no turno da manhã. Cada uma destas escolas municipais deverá receber 12 ações, resultando em 48 atividades, durante três dias. No fina l, o projeto deve chegar a um total de três mil estudantes. O Tratado de Paz tem apoio cultural da Fundação Marcopolo.
O projeto empresta seu nome do histórico Tratado de Paz, firmado em 07 de dezembro de 1971, no Bronx, em Nova York, quando as gangues que rivalizavam há tempos decidiram se empenhar numa ação pacificadora nos territórios que até então viviam em conflito. Atualizando e adaptando a ideia, o Tratado de Paz que começa a ser implementado nas escolas públicas caxienses quer propor atividades que levem positividade, criatividade e ações afirmativas a estes territórios.
Nesse contexto, o rapper e escritor Chiquinho Divilas sempre abre as atividades nas escolas com sua palestra sobre o Tratado de Paz no contexto da história do Hip Hop, com derivações sobre a sua trajetória pessoal que fez das rimas e do estudo um processo de afirmação social que o levaram ao Mestrado e ao Doutorado em Diversidade Cultural e Inclusão Social. Na palestra, temas como a saúde mental, a questão das drogas entre os jovens, com abordagens sobre a preservação e respeito de gênero, também estão incluídos. Outra atividade coordenad a por Chiquinho Divilas é a Oficina de Rima que, a partir do RAP, propõem exercícios em grupo para que os estudantes criem rimas e poesias tendo a ideia de Tratado de Paz na escola como referência e inspiração.
Outras atividades incluídas no programa do projeto são as Oficinas de Batalha de Rima, Graffiti, Break, Pajada/Trova Gaúcha – referência ao trabalho do grupo RAPajador, que une Chiquinho Divilas, o acordeonista Rafael De Boni e o DJ Hood desde 2018 na fusão de referências musicais que transitam pela Cultura Hip Hop e Cultura Sul-Riograndense e mesmo Platina, propondo um encontro das rimas do rap com os versos da pajada, mediados pelas intervenções das discotecagens produzidas por um DJ.
Aliás, é o RAPajdador que centraliza as ações de fechamento as atividades em cada escola, quando também são apresentadas as performances de Break dos alunos enquanto é executado um graffiti num espaço definido pela escola. Neste dia também serão apresentadas as músicas gravadas pelos próprios estudantes resultantes da atividade de produção, gravação, mixagem e masterização coordenadas por Rafael De Boni.
Nesta edição, o Tratado de Paz também realiza um bate-papo nas escolas reunindo pessoas ou profissionais que tenham uma ação significativa no território onde a escola está situada, de forma a, outra vez, contribuir para que os estudantes tenham referências positivas para suas condutas no ambiente escolar e também na sociedade.
Além disso, significativamente, no último dia das atividades, os estudantes entregarão uma declaração de paz através das letras de RAP criado por eles. Uma carta com o título denominado de Novo Tratado de Paz e uma bandeira grafitada com a palavra “PAZ” será colocada em um ponto estratégico da escola a partir de um acordo entre estudantes, professores, diretores e coordenação pedagógica.
A partir de todas estas ações e atividades, o projeto Tratado de Paz tem o objetivo de oferecer experiências e aprendizados por meio da linguagem artística do Hip Hop, promovendo a expressão criativa, incentivo ao trabalho em equipe, buscando, junto aos jovens, uma saída construtiva para liberar emoções, reduzir o estresse e direcionar energias de forma positiva, auxiliando na redução da violência nas comunidades escolares atendidas. Assume, ainda, dimensões simbólicas em espaços de conflito, buscando reduzir as estatísticas de violência; dimensão cidadã, buscando diminuir a desigualdade social e a exclusão social de uma parcela da população empobrecida; além da dimensão econômica, uma vez que muitos dos estudantes poderão passar a pensar numa perspectiva profissional a partir das experiências nas oficinas.
É a partir de todos estes contextos que Chiquinho Divilas destaca a relevância do projeto Tratado de Paz:
“Por que não resolver os nossos problemas através das artes? Esse foi o questionamento feito entre os líderes das ruas, no momento mais violento da história do sul do Bronx, no início dos anos 70. Pouco emprego e sem ajuda do poder público, que já não atuava de forma efetiva, sem direitos básicos como educação e saúde. Depois do TRATADO DE PAZ, a sensação de liberdade se espalhou pela região. E é esse recorte que vamos abordar. Propor a paz para conseguirmos pensar melhor, evoluir, se conectar e ocupar vários espaços”, diz Chiquinho Divilas.
Vale lembrar ainda que o Tratado de Paz deriva de outras experiências como o projeto Cultura Hip Hop Nas Escolas, que ganhou o prêmio Educação RS 2019 (Sinpro/RS) e, no mesmo ano, conquistou o Prêmio Brasil Criativo na categoria Música. Já o RAPajador recebeu a menção honrosa na Categoria Demandas Complexas ou Coletivas, do Prêmio Conciliar é Legal, na sede do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Brasília, pelo projeto (R).(A).(P). na Socioeducação – RAP, Adol escentes e Pajada.
O projeto Tratado de Paz é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Secretaria de Cultura de Caxias do Sul com Apoio Cultural da Fundação Marcopolo.
Divulgação Sabe Caxias:
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