Prefeitura anuncia medidas para reorganizar emergências SUS, ampliar atendimento do dia nas UBSs e reforçar assistência a crianças com sintomas pulmonares
Pacote de ações tem o objetivo de fortalecer a rede de saúde para que os hospitais consigam atender aos casos de emergências e de alta complexidade
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22/06), a Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, anunciou medidas para reorganizar os atendimentos nas urgências e emergências SUS e também para reforçar o atendimento nos casos de crianças com sintomas respiratórios. As medidas têm o objetivo de fortalecer a rede de saúde diante da alta demanda registrada nas últimas semanas, para que a rede hospitalar consiga absorver os atendimentos de emergência e de alta complexidade, uma vez que a suspensão de cirurgias eletivas ainda não gerou o impacto esperado. Além disso, busca montar retaguarda diante da possibilidade de aumento das doenças respiratórias e da procura por atendimento médico em função do início do período de inverno.
O prefeito Adiló Didomenico abriu a coletiva e lembrou da importância de a população buscar a prevenção, por meio da vacinação, e da necessidade de reorganizar os atendimentos. A secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, lembrou do cenário atual e destacou a necessidade de olhar para o sistema de saúde como um todo: “Temos a Atenção Primária, que é a base da pirâmide; a atenção especializada, em que está o CES; as nossas UPAs; e no topo da pirâmide os hospitais, que são responsáveis pela média e alta complexidade e emergência. Precisamos que essa hierarquia seja minimamente mantida para que quando um paciente grave precise da estrutura hospitalar, ela possa atender, e da mesma forma precisamos da base para prevenir doenças, ofertar acesso e para cuidar da população com doenças crônicas”, destacou a secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi.
A reorganização dos fluxos de atendimento é necessária pois, enquanto sobram consultas ofertadas com médico clínico ou de Estratégia Saúde da Família (ESF) nas UBSs, cerca de 80% dos pacientes atendidos nas duas UPAs são casos leves, que poderiam ter procurado as Unidades dos bairros. Na última segunda-feira (19/06), por exemplo, de 897 consultas ofertadas em UBSs, 730 foram realizadas, ou seja, em 167 horários o médico ficou ocioso. O cenário é o mesmo se analisada a semana: entre 12 e 16/06 foram ofertadas 4.320 consultas em UBSs e realizadas 3.715, ou seja, 605 pessoas provavelmente estiveram em UPAs ou hospitais e poderiam ter o caso resolvido em UBSs.
Como medida para reorganizar fluxos e permitir principalmente que os hospitais consigam garantir a assistência aos pacientes que necessitarem de internação hospitalar de urgência, os prontos-socorros dos hospitais Pompéia e Geral atenderão apenas os casos que sejam de urgência e emergência, ou seja, aqueles pacientes levados pelo SAMU e os que chegarem via demanda espontânea e caracterizarem emergência, casos de acidentes com politraumatismos, parada cardiorrespiratória, hemorragias incontroláveis e outros (veja descritivo no quadro anexo). Além disso, a partir de segunda-feira (26/06) a SMS amplia em 10% o número de consultas disponíveis para atendimento de demandas do dia nas UBSs. Além disso, as UPAs mantêm equipe aumentada principalmente nas segundas e terças-feiras, dias em que historicamente o movimento tende a ser maior.
A orientação é que os pacientes com quadros leves (aqueles classificados como azuis – veja no quadro) inicialmente procurem as UBSs para acolhimento e somente busquem as UPAs se não houver mais consulta disponível para o dia ou não haja indicação para agendamento de consulta na UBS.
Os pacientes que procurarem os prontos-socorros dos hospitais Pompéia e Geral e apresentarem quadros que não caracterizarem emergência (veja no quadro), serão orientados a buscar atendimento nas UPAs ou UBSs. Eles serão atendidos após triagem nas UPAs ou UBSs. Essas medidas seguem o padrão amplamente adotado nas grandes instituições do Estado. O objetivo final é permitir que os hospitais estejam preparados para atender aos casos mais graves, já que hoje parte das vagas nos prontos-socorros acabam ocupadas por pacientes que poderiam ser atendidos em UPAs e UBSs.
O diretor técnico do Hospital Geral, Alexandre Avino, lembrou que o HG enfrenta em superlotação constante e falta de condições de internar pacientes e exemplificou que, nesta quinta-feira, são 19 pacientes em um espaço para 12 leitos no pronto-socorro. “O fato de a população ser informada, como está sendo feito, é fundamental. A chegada ao nosso pronto socorro precisa ser a mais adequada possível, e a quanto menos pacientes com menor gravidade nossa equipe estiver exposta, melhor será o atendimento das outras pessoas. Essa ação não é restringir acesso, ela é para buscar a melhoria do acesso”, disse Avino.
Tiago Passarin, diretor técnico do Pompéia, disse que diariamente o Hospital atende a cerca de 50 pacientes com consultas de baixa complexidade. “Faz com que não consigamos atender um paciente que muitas vezes está há uma semana aguardando na UPA”.
Outra iniciativa é a adoção de novo fluxo para encaminhar de forma imediata ao Ambulatório de Doenças Respiratórias em Pediatria (Adrep) as crianças com doenças respiratórias que não precisam de internação. Como não há lista de espera, esse atendimento passará a ser encaminhado diretamente pelas UBSs ao Adrep, que funciona no CES, sem a necessidade de cadastro em sistema. São encaminhadas para acompanhamento e tratamento contínuo com pneumologista no Adrep as crianças com exacerbação nas crises de asma, suspeita de bronquiolite viral aguda, suspeita de pneumonia, tosse persistente e bebês de até dois anos que apresentam chiado no peito recorrente (sibilância). Caso a UBS avalie que a criança tem sinais vitais alterados, ela é encaminhada a uma UPA ou o SAMU pode ser acionado, conforme o caso.
Também participaram da coletiva a diretora da Atenção Primária em Saúde, Juliana Argenta Calloni, e o diretor de Urgência e Emergência, Fábio Baldisserotto.
Divulgação Sabe Caxias:
