Artigo/ Podemos dar sentido ao sofrimento humano? // Ir Albina Bosio Pastorinha

Desejo partilhar, de forma muito simples, algo que vou experimentando sobre a espiritualidade do sofrimento.

Irmã Albina Bosio Pastorinha / Imagem Sabe Caxias

Como encontrar sentido para algo que tantas vezes parece absurdo? Penso que, antes de tudo, importa considerar a nossa situação humana. Não somos anjos, nem puro espírito, nem deuses. Somos criaturas, feitas à imagem e semelhança do Criador. Criaturas dotadas de inúmeras possibilidades, mas também, sujeitas às fraquezas e debilidades, sofrimentos e dor, porque criaturas finitas.

Vale a pena perguntar-nos: Como viver bem esta realidade de finitude e, sofrimento, caminhando para a entrega radical e definitiva, na morte a fim de, ser introduzidos à vida plena e eterna, onde não haverá mais sofrimento nem dor, e onde será enxugada toda a lágrima? (Cf Ap 21,4). O primeiro requisito parece ser este: Desvendar e acolher a nossa real situação; depois: Descobrir, acolher e valorizar nossos dons, nossas possibilidades e,
desenvolve-los. Ainda, tomar consciência da nossa finitude, das nossas debilidades, nossos sofrimentos, para acolhê-los, reconhecendo-os como nossos. Assim, aos poucos, vamos descobrindo como superá-los ou integrá-los num projeto maior.

Uma maneira fantástica de realiza-lo é voltar-nos para os outros. Os dons e possibilidades que temos coloca-los a serviço dos outros. Se estivermos focados em fazer o bem aos outros, saindo de nós mesmos, o sofrimento que nos acompanha se transforma em força na nossa missão, dando um novo sentido à nossa vida iluminando-a com nova luz. Basta olhar para S. Paulo que pode escrever: “Agora eu me alegro nos sofrimentos por vós, pois vou completando em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo, a favor de seu corpo, que é Igreja”(Col 1,24). E ainda, Paulo dá este testemunho, na despedida das lideranças de Éfeso: “Servi ao Senhor com
toda humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri por causa das ciladas dos judeus. Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós” (At 20, 19-20).

Assim, ampliando nosso horizonte, percebemos que toda luz nos vem de Jesus, nosso modelo e Mestre por excelência. Ele, o Filho de Deus, o Justo, sofreu a crítica, a não aceitação, a traição, a negação, a condenação, a morte como um malfeitor, e tudo isto o viveu como Filho muito amado do Pai. Acolheu tudo das mãos do Pai, por
amor ao Pai, por amor à cada pessoa humana, pois o Pai quer que todos tenham vida em plenitude e se salvem.
Jesus viveu e morreu plenificando o sentido de sua vida: vivendo, morrendo e ressuscitando para que todos pudessem voltar ao Pai e participar eternamente de sua gloria, no céu.
Importa tomar consciência dos nossos sofrimentos e acolhe-los.

Acolhendo-os tentaremos, com maior eficácia, buscar recursos para melhorar a situação de sofrimento e de dor. O sofrimento partilhado, compreendido, certamente nos dará alivio Cientes de que certas situações não podem ser modificadas, acolhidas elas ajudam a crescermos como pessoas. Para as doenças, a dor, existe a medicina que muito pode ajudar. A profissão ou, melhor
ainda, a vocação do médico consiste em cuidar da vida para ter melhor qualidade de vida. O cuidado da vida requer atenção por isso, ao buscar o médico importa ser sinceros, transparentes e acolher a sua orientação, com fidelidade e perseverança. Confiar no médico, confiar também que em nós temos possibilidade e força para reagir bem á medicação. Mas, acima de tudo, confiar em Jesus que passou por nossa terra fazendo o bem, curando toda espécie de doenças e enfermidades. Ele veio para que tivéssemos vida e vida em abundância (Jo, 10,10). E Jesus continua sua missão no meio de nós. Também é importante, pedir e confiar nas orações dos nossos irmãos e irmãs.
Os Salmos estão repletos de invocações pedindo e agradecendo curas: ”Senhor, clamei por vós, pedindo ajuda e vós, meu Deus, me devolvestes a saúde! Vós tirastes minha alma dos abismos e me salvastes, quando estava já morrendo!” (Sl 29,3)
E meu desejo que esta breve partilha possa ser útil para alguém. Obrigada.

Ir Albina Bosio Sjpb
Terceira Légua 27, de maio de 2023

Divulgação Sabe Caxias:

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