Mercado de T.I e as pessoas com Transtorno do Espectro Autista

  Pesquisador e Instrutor do Senac Tech compartilha estudo  sobre pessoas com TEA no mercado de T.I  

A inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mercado de trabalho é um desafio árduo para ambos os lados, mas um fator importante para o desenvolvimento do indivíduo e a quebra de paradigmas dessa condição perante a sociedade. Atualmente o distúrbio afeta de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas, segundo dados do Centro para Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos. Na área da Tecnologia da Informação (T.I) há um movimento crescente para a inclusão de quem possui TEA.

Para entender melhor esse cenário, o pesquisador e instrutor dos cursos de Técnico em Desenvolvimento de Sistemas e Técnico em Informática, no Senac Tech, Gilmar Aires dos Santos faz um recorte das pessoas autistas e a presença delas no setor de T.I. De acordo com o estudioso, o mercado de trabalho da T.I para pessoas com TEA ainda é minúsculo, mas está em expansão. “Adaptações no local e modo de trabalho são necessárias para empregar um autista e existem desafios específicos que precisam ser enfrentados. O projeto AutWork, por exemplo, é uma iniciativa que busca aumentar as oportunidades de emprego para pessoas com TEA, estimando-se que possa haver 2 milhões de autistas no Brasil”, explica.

Processo de aprendizado 

O processo de aprendizado das pessoas autistas é diferente do processo de aprendizado dos demais indivíduos. As características, comportamentos e dificuldades no processo de aprendizagem são específicos para as pessoas autistas, pois elas experimentam o mundo de forma diferente e têm dificuldades em relacionar-se com os outros, compartilhar sentimentos e discriminar pessoas.

De acordo com o docente, a interação entre a família e professores é essencial para o processo de aprendizagem da pessoa com autismo. “Existem diversas técnicas de ensino para pessoas autistas, como o Método ABA (Análise Comportamental Aplicada), práticas educativas, técnicas utilizadas na educação dos autistas, estratégias pedagógicas e dicas para professores adaptarem suas aulas para autistas. O tempo necessário para o aprendizado varia entre os indivíduos, podendo ser mais rápido, igual ou mais longo do que o processo de outras pessoas”, destaca Gilmar.

Embora alguns autistas tenham apresentado o QI acima da média, a maioria tem uma inteligência dentro da faixa normal. Entre aqueles com autismo mais capazes funcionalmente, existe interesse social, mas eles têm dificuldade em lidar com as complexidades da interação social. “As pessoas autistas gostariam que todos soubessem que elas são capazes de sentir emoções profundas e têm habilidades únicas para contribuir para a sociedade”, ressalta o pesquisador.

Sociedade mais inclusiva  

Além disso, existem diversos programas de inclusão para pessoas autistas no mercado de trabalho, como treinamentos adequados para lideranças, além da Lei de Cotas de 2012 que garante a participação mínima desses indivíduos. Nomeada de Berenice Piana, a Lei Nº 12.764 institui os direitos dos autistas e suas famílias em várias esferas sociais. Por meio desta legislação, pessoas no espectro são consideradas pessoas com deficiência para todos os efeitos legais e, portanto, têm os mesmos direitos assegurados.

Quando se trata de empresas no ramo da tecnologia, a quantidade de contratação tem ido muito além das cotas. “Isso porque os autistas possuem características lógicas, matemáticas e artísticas de grande fluidez, e é justamente de pessoas assim que esse mercado necessita”, pontua Gilmar.

Relacionamento interpessoal 

No setor da T.I, o bom relacionamento entre equipe e cliente é essencial para o sucesso dos negócios. Pessoas diagnosticadas com TEA podem enfrentar desafios no mercado de trabalho, como falta de empatia e insensibilidade em momentos difíceis. O local e o modo de trabalho precisam de adaptações que minimizem as dificuldades naturais dessa condição. “Uma das primeiras coisas a que o empregador deve se atentar é sobre preparar a equipe para receber o novo profissional. É preciso disseminar informações úteis sobre a condição de alguém autista, e incentivar o respeito”, finaliza o instrutor.

Divulgação Sabe Caxias:

 

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