Artigo / Força de Trabalho (Uili Bergammín Oz)

Uili Bergammín Oz / Crédito: Waner Biazus

Há os que querem trabalhar e não têm emprego. Há os que têm emprego e não trabalham. Conseguem o prodígio de passar horas dentro de uma repartição sem fazer nada. Un dolce far niente. Se pelo menos fosse o tal ócio criativo, muito poderia ser colhido de algumas mordomias. Há o trabalho intelectual, que muitas vezes é mais estafante que o físico. E há o trabalho físico, com seu suor sagrado.

O trabalho pode ser entendido de duas formas distintas. Se ficarmos com o radical grego, érgon, devemos entendê-lo como a aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim.

Observe que você não estará trabalhando plenamente se não escolher um fim a ser atingido e se não colocar nele todas as suas capacidades. O verdadeiro trabalho não se faz só com as mãos, mas também com a razão e a emoção. É mais que simples práxis.

Há também uma origem para a palavra trabalho que vem do latim vulgar, tripaliare, que significa martirizar com o tripalium (instrumento de tortura). De fato, o trabalho escravo, o trabalho de um homem que não escolheu fazê-lo ou o faz por obrigação, quase sempre é um martírio. Hoje em dia, infelizmente, é muito raro podermos escolher nosso ofício. Geralmente aquilo que chamamos de hobby é o que nos dá prazer, e seria mais provável nos realizarmos e sermos bem sucedidos se o tivéssemos como profissão.

A ideia que devemos ter do trabalho deve ser érgon, do grego, força viva que transforma a natureza, a sociedade e, principalmente, quem o executa. Ganharás o pão com o suor do teu rosto e dormirás à noite o sono dos justos, com a satisfação do dever cumprido. Mas, na verdade, ganharás muito mais; ganharás respeito por ti mesmo.

Claro que mais doce seria termos condições de viajar o mundo, conhecer pessoas e culturas, aprender várias línguas, ler muitos livros e assistir vários filmes. Aproveitar o melhor que a vida pode dar. Não vou ser tão cínico e ingênuo afirmando que o melhor dessa existência é o trabalho. Mas como aproveitar  a vida “dignamente” sem trabalhar? Como se sentir livre dependendo da mesada dos pais? Do cartão de crédito do marido ou da esposa? Através de meios ilícitos?

Nesse sentido o trabalho aparece como libertação e não como prisão.

E quando descobrimos prazer e utilidade em nossos ofícios, o fardo se transforma em leveza e alegria.

E deixamos nossa marca positiva no mundo.

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