Caxias alerta para baixa cobertura vacinal contra meningite

Há dois surtos registrados em escolas de educação infantil, mas causa ainda não está confirmada

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Caxias do Sul alerta para a baixa cobertura vacinal contra meningite que tem sido registrada ao longo dos anos e também para o aumento de casos da doença. O Município registra atualmente dois surtos de meningite em escolas de educação infantil. As vacinas protegem contra a maior parte dos tipos da doença, que pode levar à morte ou causar sequelas como perda da coordenação motora, equilíbrio, aprendizado e fala, além de epilepsia e paralisia cerebral.

Foram registrados seis casos de meningite (cuja causa ainda não está confirmada) em dois surtos em escolas de educação infantil. Dessas seis crianças, quatro estão hospitalizadas em quadro estável. As outras duas chegaram a ser hospitalizadas mas já tiveram alta. Outros casos suspeitos são acompanhados.

A SMS monitora a situação por meio da Comissão Municipal de Controle de Infecção Hospitalar (CMCIH), da Vigilância Epidemiológica e do Centro de Informações Estratégicas (CIEVS) Municipal. Tão logo as primeiras suspeitas foram notificadas, as escolas foram orientadas para limpeza completa dos prédios com saneantes, bem como medidas de higiene geral. Além disso, as direções devem afastar e comunicar à SMS quaisquer eventuais novos casos. As aulas continuam, mas cada turma deve permanecer isolada uma da outra. Outra orientação foi para que as escolas façam a revisão das cadernetas de vacinação de todos os alunos e que aqueles com doses em atraso sejam levados a uma UBS para serem imunizados.

A vacinação é a estratégia mais eficaz para evitar os principais tipos de meningite. Cinco vacinas fazem parte do calendário de rotina (veja abaixo) e estão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A SMS reforça a importância da imunização, especialmente em função do aumento de casos de meningite imunoprevenível pelas vacinas. Além dos seis casos em escolinhas que aguardam definição da causa, há sete casos de meningite imunoprevenível registrados em 2022, três em 2021 e dois em 2020. Em 2018 e em 2019 ocorreram cinco casos em cada ano e, em 2017 e 2016, três em cada ano.

Em função das baixas coberturas em todo o país, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou temporariamente o público-alvo de duas das vacinas que protegem contra meningite.

Assim, a vacina meningocócica C deve ser aplicada em crianças de até 10 anos de idade que não foram vacinadas anteriormente. A faixa etária habitual para essa vacina é para crianças de até um ano, que recebem duas doses (aos três e cinco meses de idade) e também um reforço, com um ano de idade. Essa vacina também foi disponibilizada temporariamente para profissionais de saúde,

Além disso, a vacina meningocócica ACWY (Conjugada) está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes de 11 e 12 anos, mas também foi ampliada temporariamente pelo Ministério: até junho de 2023, adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar.

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e protozoários, bem como por traumatismos. No Brasil, ela é considerada uma doença endêmica. Segundo o Ministério da Saúde, casos são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais.

Sintomas da doença

As meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. A doença ocorre, principalmente, entre as crianças, que têm febre, dor de cabeça, dor na barriga, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite e irritação. As vezes ocorre após outra doença viral, como diarreia ou gripe. Já as meningites bacterianas são mais graves e têm como sintomas febre alta, irritabilidade ou apatia, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.

Vacinas do calendário de rotina

BCG: protege contra as formas graves da tuberculose, inclusive a meningite tuberculosa.

Esquema vacinal: dose única (ao nascer)

Penta: protege contra doenças invasivas como meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.

Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade, 2ª dose aos 4 meses de idade e 3ª dose aos 6 meses de idade

Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)

Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade; 2ª dose aos 4 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade

Meningocócica C

Esquema vacinal: 1ª dose aos 3 meses de idade; 2ª dose aos 5 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Também está disponibilizada, até fevereiro de 2023, para crianças até 10 anos de idade não vacinadas e para trabalhadores da saúde

Meningocócica ACWY (Conjugada)

Protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y.

Esquema vacinal: uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos de idade, a depender a situação vacinal. Até junho de 2023 adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar

Coberturas vacinais

BCG

2018: 110,68%

2019: 94,23%

2020: 103,72%

2021: 83,79%

2022 (parcial): 52,07%

Penta

2018: 91,79%

2019: 79,29%

2020: 109,93%

2021: 87,94%

2022 (parcial): 48,32%

Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)

2018: 83,92%

2019: 99,67%

2020: 67,60%

2021: 67,20%

2022 (parcial): 41,39%

Meningocócica C

2018: 74%

2019: 126,75%

2020: 95,17%

2021: 84,08%

2022 (parcial): 49,16%

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