Artigo – Lãs e vinhos / por Edison Lunes Ferreira Presidente da Cooperativa de Lãs Mauá, em Jaguarão

A 45° Expointer demonstrou, em números, a pujança e o bom momento do agronegócio brasileiro. No entanto, há um produto da cadeia do agro que pouco tem a comemorar: a lã.
Caracterizada como a mais nobre das fibras, vive um dos seus piores momentos: o mercado se fragmentou no comércio de lãs finas e lãs médias e grossas, sendo que estas duas últimas são as predominantes no RS. A principal causa desta piora foi a
opção pela exportação de lã suja em detrimento do mercado interno, após a crise do sistema cooperativo na década de 90, atingida por sucessivos planos econômicos e, finalmente, pelo Plano Collor.
O atual mercado têxtil brasileiro de industrialização de fibras processa, atualmente, 577 mil toneladas. Se comparado à produção brasileira de lãs, que é de 8,6 mil toneladas, corresponde a 1,5% do total industrializado. Se medirmos efetivamente o consumido no mercado interno, significa apenas 0,26 %, muito abaixo da média
mundial que é 1,1%.
Por outro lado, nosso país é o 7° maior mercado consumidor do mundo, assim definido com renda superior US$ 7 mil /ano, ou seja, um público alvo de 58 milhões de consumidores. Se traçarmos um paralelo dessa fibra nobre ao consumo de vinho, um produto também associado ao clima frio, estará se falando de um público alvo que atinge 83 milhões de consumidores no Brasil, sendo que 39 milhões são consumidores de vinhos finos, ou seja, vinho cujos preços se situam próximo a R$ 100,00 a garrafa.
Creio que possamos enxergar no consumidor de vinhos finos alguém que possui renda suficientemente alta para consumir não apenas um produto supérfluo, mas também um produto de primeira necessidade como é o abrigo. Muitos poderão discordar da comparação, no entanto, o exemplo tem muito a nos dizer. Primeiro o reconhecimento de um volume de público consumidor de 39 milhões de pessoas, sem restrições de renda para um produto supérfluo, cuja composição de preço está alicerçada essencialmente em marketing, a pergunta que fica é: Será que a lã poderia atingir esse público? O que devemos fazer? Evidente que sim, esse público se concentra especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, portanto, delimita o mesmo espaço geográfico.
As evidências demonstram que temos mercado, mas precisamos repensar as estratégias até agora adotadas, pois a solução em que pese ser lenta, pode estar muito próxima de nós.

Edison Lunes Ferreira
Presidente da Cooperativa de Lãs Mauá, em Jaguarão
https://fecola.coop.br/site/
yunesferreira@gmail.com

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