Caxias Navegar: 20 anos de vivências náuticas e inclusão

Programa comemora duas décadas de existência sem nenhum acidente e com acessibilidade às pessoas com deficiência

Marcelo Cirino por Gisele Nozari

Há exatos 20 anos, no dia 10 de dezembro de 2001, o Caxias Navegar abria as portas para ofertar modalidades náuticas à comunidade caxiense. Promovido pela Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (Smel), as atividades que acorrem semanalmente na represa São Miguel no Complexo Dal Bó, proporcionam acesso gratuito à aprendizagem de remo, vela e canoagem. Atualmente, crianças, adolescentes, adultos e pessoas com deficiência (PCD’s), têm a oportunidade de vivenciar esportes em água, com segurança e em contato com a natureza.

Com o objetivo de promover a inclusão e tornar o Navegar acessível a todos, o programa passou a atender PCD’s em 2013. “Nós desenvolvemos um trabalho bem específico com eles. Procuramos saber sempre quem se adapta melhor em cada modalidade. Todas as atividades que trabalhamos com os alunos, tanto em água ou fora, acabam desenvolvendo a coordenação motora, equilíbrio, força, autonomia, convívio social, a melhora na qualidade de vida… Nossa! Nós vemos o brilho no olhar deles quando chegam. Isso faz muito bem a eles, tanto física quanto mentalmente”, relata entusiasmada Diane Stefan, coordenadora do Caxias Navegar desde 2017.

Atualmente 12 alunos com deficiência intelectual, autismo e síndrome de Down são atendidos pelo Navegar. Existe uma aula específica, destinada a esse público, toda sexta-feira pela manhã. Alguns participam das atividades por intermédio de pais e responsáveis, outros, oito no total, são encaminhados pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Selecionados através de acompanhamento pedagógico e psicológico feito pelos profissionais da Apae, os usuários sempre participam das aulas com acompanhamento de um educador da instituição.

A educadora da Apae, Franciele Subtil, 34 anos, destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo Navegar com relação aos PCD’s. “Eu percebo que eles desenvolvem muito a autonomia e acabam evoluindo, deixando os medos de lado. É um trabalho muito legal. Acompanhar esta evolução deles é gratificante”, conclui.

 

A alegria da inclusão

Marcelo Augusto Cirino, 29 anos, participa do programa há cinco anos e afirma que não  deixaria de frequentar o Navegar. “Quando o tempo tá bom, eu fico feliz e penso: vou poder ir para a represa! Quando o tempo está ruim, fico triste, porque não vou poder entrar na água. Eu gosto de canoagem. Gosto muito de vir pra cá, das pessoas, dos profes… Se pedissem pra eu parar de vir no Navegar, eu não pararia”, conta o extrovertido Marcelo.

Mãe de uma das primeiras alunas PCD’s do programa, Roselane Monteiro Castanha, 46 anos, relata que a filha, Jennifer Castanha de Souza, hoje com 23 anos, era uma criança muito tímida. “Desde a primeira aula ela foi muito corajosa. Eu tinha mais medo que ela. Já se passaram cerca de 14 anos desde esse dia. A Jenni passou a ser mais independente depois que começou a frequentar as aulas no Navegar”, afirma feliz.

Com o olhar tímido e os olhos brilhantes, Miguel de Souza, 15 anos, conta que seu momento favorito é quando está na água. “Gosto muito de sentir o vento. Aqui é um lugar onde um conheço pessoas e aprendo coisas novas”, diz. Miguel é o irmão mais novo de Erik Giovani de Souza, 17 anos, um dos alunos PCD’s do programa, orgulhoso, ele relata a evolução do irmão. “Ele chama de piscina. Piscina! Piscina! Quando nós vamos? Ele evoluiu bastante depois que passou a vir aqui no Navegar, começou a fazer mais coisas sozinho”, conta sorrindo.

 

Divulgação Sabe Caxias:

 

 

A história do Navegar

O Programa Caxias Navegar, que proporcionaria atividades náuticas ao Município, iniciou suas atividades em 2001, ofertando aulas em um turno semanal. Por conta da grande procura, houve ampliação dos atendimentos e até mesmo do espaço físico. Em 2008, a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul assumiu, através da Secretaria do Esporte e Lazer (Smel), a gerência total do programa, que até então era chamado de projeto.

No ano seguinte, em 2009, passou a ser chamado oficialmente de Programa Caxias Navegar. Já consolidado na comunidade caxiense, ganhou um novo hangar, mais amplo e seguro para execução das atividades, passando a atender adultos, em 2014 aos sábados, e pessoas com deficiência em turmas regulares.

 

Mascote Grael

Escolhido através de um concurso aberto à comunidade escolar caxiense, que iniciou em junho deste ano, o desenho vencedor passou pelas etapas inscrição, entrega e avaliação. A atividade, destinada às crianças e adolescentes de 8 a 17 anos das redes de ensino do Município, fez parte do calendário de eventos comemorativos pelos 20 anos de Caxias Navegar na cidade.

A equipe do Navegar recebeu cerca de 80 desenhos. Dentre estes, foram avaliados e selecionados os que estavam de acordo com as especificações do regulamento, onde dez desenhos foram escolhidos. Os mesmos foram encaminhados a uma equipe avaliadora, composta por cinco jurados, que elegeu às cegas (sem saber nomes ou escolas dos autores dos desenhos) e por eliminatória o mascote.

A equipe composta pelo secretário do Esporte e Lazer, Gabriel Citton, o diretor do Esporte e Lazer, Mauro Amancio da Silva, a coordenadora do Programa Caxias Navegar, Diane Stefan, o professor de artes e quadrinista profissional, Evandro Joel Pessôa, e a jornalista responsável pelo setor de comunicação da Smel, Gisele Nozari; elegeu dentre os dez, os três melhores desenhos. Destes, o eleito foi a “Tartaruga amarela”, de Eduarda Antunes Fernandes, 14 anos, estudante da Escola Estadual de Ensino Médio Província de Mendoza.

Por uma enquete externa na Smel, com 66,5 % dos votos, o mascote recebeu o nome de  Grael, em homenagem a família de velejadores do Brasil.

 

Navegar hoje

Atualmente o programa atende, semanalmente, cerca de 430 pessoas, incluindo crianças, adolescentes, adultos e pessoas com deficiência (PCD’s), a partir dos oito anos de idade. As atividades contam com a supervisão da coordenadora Diane Stefan, um coordenador pedagógico, um monitor e cinco professores/estagiários, por turno, na água. Antes da pandemia, o programa atendia 32 instituições de ensino, hoje são cerca de 20 escolas.

O secretário do Esporte e Lazer Gabriel Citton, destaca que dentro de duas décadas de programa, nunca houve acidente durante as aulas. “É um programa que deu certo porque tem um critério de atuação, tanto os estagiários quanto toda a equipe, presam pela segurança”, conclui.

As aulas são gratuitas e ocorrem de segunda a sábado, na represa São Miguel (Complexo Dal Bó). Para mais informações, entre em contato pelo telefone (54) 3901-8025 ou (54) 98434-7747 (ligação ou via WhatsApp), das 8h às 12h e das 13h às 17h. Ou envie um e-mail para caxiasnavegar@caxias.rs.gov.br

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