Trajetória marcada por livrarias, Associação dos Livreiros e Programa Permanente de Incentivo à Leitura: quem é Cristiano Bartz Gomes
Coordenador Executivo da Feira do Livro de Caxias reitera o compromisso de entregar um grande evento e adianta as expectativas para a 37ª edição
Cristiano Bartz Feira do Livro – João Pedro Bressan
A próxima edição da Feira do Livro de Caxias do Sul é a primeira em que Cristiano Bartz Gomes participará como Coordenador Executivo. No entanto, seu envolvimento com o evento vem de muito tempo. Presidente da Associação dos Livreiros Caxienses (Alca) em várias gestões entre 2010 e 2019, Cristiano já participava ativamente da Feira como livreiro, de 1993 a 2018, ininterruptamente. Agora, por trás da organização, coordena os últimos preparativos e antecipa a expectativa da cidade: “já respiramos Feira”.
Também coordenador do Programa Permanente de Incentivo à Leitura da Secretaria da Cultura, Cristiano cresceu cercado pelos livros, figuras que enxerga como “amigos queridos”. Além de livrarias, atuou em editoras e soma experiências em agência de propaganda e design, empresas de arquitetura, comunicação e organização de eventos. Cursou Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), mas foi no ofício de livreiro que encontrou sua verdadeira vocação.
Confira entrevista:
Qual é sua trajetória na literatura?
Despertei cedo para a leitura, minha mãe me ensinou a ler ainda antes de eu estar em idade escolar. Sempre tive na leitura uma doce companhia. Na escola sempre gostei de escrever e os períodos de visita à biblioteca eram aguardados com a expectativa de quem vai encontrar um amigo querido. No início da década de 1990, comecei a trabalhar na Livraria do Maneco. Foi o suficiente para consolidar de vez meu amor pelos livros. Ali decidi que era isso que eu queria fazer profissionalmente: aprender o ofício de Livreiro e trabalhar com livros e pelos livros. Passei por outras empresas do ramo, entre elas a (hoje extinta) Livraria Sulina, uma rede de livrarias aqui do estado com 50 anos de história, O Livreiro Bookstore, onde fui sócio-gerente e mais recentemente a UCS Livraria, onde fui responsável pela curadoria do acervo. Nessa caminhada conheci muitos escritores – Luis Fernando Verissimo, Rubem Alves, Ziraldo, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão… uma lista enorme!
Como você se tornou Coordenador Executivo da Feira do Livro?
Surgiu como consequência de ter assumido a coordenação do Programa Permanente de Incentivo à Leitura, em substituição à colega Helô Bacichette que se aposentou. O PPEL faz parte da Diretoria do Livro, Literatura e Leitura que é o setor responsável dentro da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) pelas ações e projetos da área, entre eles a organização e execução da Feira do Livro.
Qual a expectativa para essa edição?
Toda Feira do Livro entrega sempre um grande evento para a comunidade e é motivo de orgulho para Caxias. Sabemos que nós, caxienses, temos um carinho muito grande pela nossa Feira, fato demonstrado pela presença significativa de público na edição anterior, que foi realizada apesar de toda a situação daquele momento – insegurança, medo, crescimento de casos de covid-19… Aliás, a Feira do Livro de Caxias do Sul foi um dos raros eventos do setor realizada presencialmente no ano passado. Neste ano acreditamos que o público demonstrará isso de forma muito expressiva, já estamos ouvindo as pessoas comentando a proximidade da Feira, já se percebe a expectativa, enfim, já “respiramos Feira” pela cidade.
A Feira representa uma retomada, em meio a um cenário mais seguro, mas ainda em pandemia. O que o evento pode proporcionar para as pessoas, nesse contexto?
Este ano, além deste compromisso com a entrega de um grande evento, a Feira também traz um alento. É uma retomada das atividades presencias de grande porte, um momento de reencontro e queremos com isso simbolizar as novas perspectivas que estamos vislumbrando depois de toda a incerteza que a pandemia trouxe. O setor cultural foi severamente impactado e não só no aspecto econômico; o fazer artístico como expressão de si foi interrompido pelas restrições de atividades presenciais. Isto adoeceu muita gente que faz da arte não só uma profissão, mas antes sua legítima expressão, o seu “ser-no-mundo”.
E quanto à própria noção de literatura, como você avalia sua importância em meio à pandemia?
Como uma das poucas expressões artísticas que estiveram acessíveis às pessoas desde o início da pandemia, tenho certeza que a literatura preservou a sanidade de muita gente… Como disse Quintana, “o livro é a melhor maneira de se estar só e bem acompanhado ao mesmo tempo”. Então, felizes e abençoados aqueles que, durante a quarentena e o isolamento impostos pela pandemia, puderam ter nas mãos bons autores e assim manter o seu equilíbrio mental e espiritual, colocar as coisas em perspectiva e ter forças para seguir acreditando em dias melhores.
Divulgação Sabe Caxias:
Sobre a Feira do Livro de Caxias do Sul
Com o tema “Ler Para (se) Mover”, a 37ª Feira do Livro em Caxias do Sul vai ocorrer de 26 de novembro a 12 de dezembro, na Praça Dante Alighieri, no Centro. De domingo a sexta, as bancas abrem das 12h às 20h e aos sábados, das 10h às 20h.
A abertura oficial será no dia 26 de novembro, às 18h30min. Serão 17 dias de atrações culturais e artísticas, sendo realizadas de forma presencial e de forma virtual, abertas à comunidade. Bancas de livreiros, estandes de patrocinadores, saraus, palestras e bate-papos na Galeria Gerd Bornheim poderão ser conferidos presencialmente.
A Feira deve seguir protocolos de segurança, como uso de máscara obrigatório, distanciamento e disponibilização de totens de álcool gel. Acompanhe a Feira no Facebook (https://www.facebook.com/FeiradoLivrodeCaxiasdoSul/) e no Instagram (@feiradolivrocaxiasdosul).
