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A cultura em Caxias do Sul pode sofrer mais um duro golpe. Notícias de bastidores dão conta de que os integrantes do Coro Municipal foram informados sobre um corte de 50% nas verbas destinadas ao grupo. Segundo informações a serem confirmadas pela secretária de Cultura, Tatiane Frizzo (PSDB), os coralistas seriam liberados ainda antes do final do ano.
Não há, até o momento, nenhum calendário de apresentações natalinas programado — nem na Praça das Feiras, nem no centro da cidade, nem em qualquer outro evento público.
A comoção entre os artistas é grande. O corte é percebido como um desinvestimento na cultura pública, justamente no momento em que o Coro Municipal se aproxima do jubileu de 50 anos, a ser comemorado em 2026.
O temor é que o grupo, símbolo de tradição e formação artística, seja desativado antes de completar meio século de história.
Mesmo com a existência de leis de incentivo à cultura — importantes, mas insuficientes —, nem todos os projetos aprovados passam por critérios artísticos rigorosos ou colaborativos. Um exemplo recente é o de um podcast “cultural” financiado com dinheiro público, que restringiu entrevistas a um pequeno grupo de produtores culturais, sem garantir acesso amplo e equânime (vide editorial sobre o assunto no link… https://www.sabecaxias.com.br/noticias/podcast-e-arte-para-ser-financiada-com-dinheiro-publico-por-miguel-brambilla/
Enquanto o coro enfrenta cortes, a cidade anuncia grandes atrações de fora. Segundo informações preliminares, a Família Lima teria cachê de R$ 60 mil, a confirmar no Portal da Transparência.
Na Feira do Livro, a atração principal foi Tonho Crocco, músico de Porto Alegre, cantando Tim Maia. Em outro evento público, a abertura ficou por conta da banda Acústicos & Valvulados.
A integração com artistas de outras regiões é positiva e necessária. O que não pode acontecer é o sufocamento da produção cultural local, cada vez mais dependente de editais burocráticos, muitas vezes inacessíveis para artistas que vivem de arte — e não de gestão, direito ou administração.
Enquanto isso, a sanha imobiliária avança sobre a memória cultural. A demolição do prédio do SENAI próximo à Maesa é mais um capítulo dessa história, lembrando o malfadado caso do Cine Ópera.
Caxias do Sul, que se orgulha de ser “a pérola das colônias” e “a metrópole da imigração italiana”, ainda parece presa a um ostracismo cultural que desestimula artistas e desvaloriza a história local.
Recentemente, o vice-reitor da UFRGS, Pedro Costa, destacou em evento no Instituto Hélice a falta de uma escola superior de teatro na Serra Gaúcha. A pergunta é inevitável:
por que ainda não temos isso?
Porque faltam artistas? Ou porque a arte continua sendo subvalorizada, vista como adereço e não como motor de desenvolvimento?
Chega de “faconaços” na cultura de Caxias.
Arte é profissão, é saúde pública, é sanidade mental.
Desenvolver uma cidade culturalmente é uma escolha coletiva — e depende de políticas públicas sensíveis e de gestores que realmente conheçam e vivam a arte, não apenas ocupem cargos sem história cultural que os justifique.
Atualização 25/10 – 14:14
A assessoria da secretária da Cultura, Tatiane Frizzo, entrou em contato com a redação na tarde deste sábado e enviou nota oficial negando as informações de que o Coro Municipal de Caxias do Sul estaria sendo desprestigiado, sem apresentações e que os artistas estariam se financiando de forma privada para representar a cidade — como havia sido informado à reportagem, em caráter de apuração a ser confirmado.
Segundo a nota, o grupo segue recebendo apoio da Secretaria, incluindo o fornecimento de transporte para as apresentações oficiais de representação do município.
A editoria do Sabe Caxias espera sinceramente que se tratem de “boatos e inverdades”, embora a informação sobre o possível estrangulamento orçamentário tenha sido repassada por fonte considerada segura. Caso o corte de investimentos venha a ocorrer, há preocupação quanto à ameaça à continuidade do Coro.
O portal ressalta ainda o tom desnecessariamente exigente da comunicação enviada pela assessoria, que soou como tentativa de intimidação à reportagem. Reitera-se, contudo, o desejo de que o Coro Municipal receba o devido valor cultural e que seus integrantes sejam reconhecidos e valorizados — e, se as informações negativas não procederem, que assim permaneça também na prática.
NOTA OFICIAL DA SECRETARIA MUNICIPAL DA CULTURA
“Como nenhuma fonte oficial da Secretaria foi procurada para esclarecer sobre a matéria publicada em teu site, coloco aqui a nossa resposta oficial, e exigimos que haja a devida publicação.
”A Secretaria Municipal da Cultura, diante da informação inverídica e sem apuração publicada pelo site Sabe Caxias, informa que o Coro Municipal de Caxias do Sul segue em atividade e com ações programadas, incluindo uma apresentação a ser realizada no próximo dia 30 de outubro. Em nenhum momento houve qualquer cogitação de encerramento do grupo, que integra de forma permanente a estrutura artística do Município”.
Ressalto que tanto eu, enquanto assessoria e tanto a Secretária Tatiane Frizzo estamos à disposição para sempre esclarecer qualquer fato ou boato que envolva a SMC.” Juliane Ribas, assessoria de comunicação da Secretaria da Cultura
NOTA DO EDITOR:
O Direito de Resposta é regulamentado pela Lei nº 13.188/2015, chamada de Lei do Direito de Resposta, e sempre que preciso deve ser “SOLICITADO” e jamais “EXIGIDO” por representantes do poder público em cargo de confiança. Trata-se de uma questão ética, moral e legal da liberdade de imprensa e Sabe Caxias se reserva no direito de expressar-se sempre que necessário, sendo que a reportagem está baseada em fonte segura também preservada por Lei Constitucional e que garantiu não se tratarem apenas de boatos.
Mesmo assim, como já estava na pauta o contato com a secretaria que procurou a redação antecipadamente, a nota enviada pelo whatsapp do jornalismo está publicada na íntegra e no tom verbal de contato. Mesmo tendo sido usado o verbo “exigimos” e não “solicitamos”, a editoria considerou justo atender, por ser uma prática a transparência e o contraditório na nossa atividade jornalística.
Mesmo diante de erros ou abordagem editorial na divulgação de nossos temas e pautas, consideramos que qualquer “exigência” além do bom tom na relação institucional contraditória, soa como tentativa de intimidação e ameaça ao trabalho sério da imprensa e coloca ainda mais o pêndulo da balança na direção de narrativas mentirosas e fake news, o que não é o caso evidentemente, mas que de qualquer forma prejudicam a ação da imprensa em fiscalizar, questionar, divulgar e preservar temas sensíveis a sociedade e estar protegida de qualquer tipo de abuso de poder por parte de quem quer que seja.
