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Podcast é arte para ser financiada com dinheiro público? Por Miguel Brambilla

Recebi um convite para o lançamento de um podcast cultural em Caxias do Sul, financiado pelo Financiarte. Serão 26 episódios pagos com recursos públicos, destinados a um programa em formato de podcast. Segundo o convite, o projeto pretende registrar a produção cultural local, entrevistando artistas e produtores da cidade.

Até aí, tudo bem. O questionamento surge quando se observa quem produz e apresenta o programa. São fotógrafos — não comunicadores, jornalistas ou apresentadores com trajetória na área cultural. Cria-se assim um produto financiado com verba pública, sob o pretexto do registro cultural, mas com formato, conteúdo e execução que se aproximam mais do jornalismo do que da arte.

A pergunta é inevitável: isso é arte ou jornalismo?
E, mais do que isso: o que há de novo ou relevante nessa proposta, se já existem veículos que cumprem esse papel — sem dinheiro público?

O programa Teoria de Tudo, por exemplo, já soma mais de 750 edições entrevistando personalidades da cultura local e nacional, com ampla repercussão, sem nunca recorrer a financiamento público. Outro exemplo é o Resenha Pop, que dá espaço a artistas do Brasil inteiro, também sem incentivos.

O Financiarte não deveria priorizar produções artísticas de fato — música, teatro, literatura, artes visuais — em vez de projetos de comunicação travestidos de “registro cultural”?

Parece que, em alguns casos, a ideia nasce da verba e não da vocação artística. Muitos criam projetos apenas para se enquadrar num edital, e não por um propósito genuíno de contribuição cultural. E isso levanta questões éticas sérias:

Quem define o que é cultura e o que não é?

Como se faz a curadoria das pautas e dos convidados num projeto bancado com dinheiro público?

Que recorte cultural é esse que privilegia alguns e exclui tantos outros?

Se os critérios não forem aprimorados, corremos o risco de transformar o incentivo cultural em autofinanciamento de modismos, em detrimento de iniciativas consistentes.

Vivemos um tempo em que todo portador de celular é “fotógrafo profissional”, e qualquer “papo de boteco” pode virar podcast. A liberdade de expressão é inegociável — mas a responsabilidade no uso do dinheiro público precisa ser redobrada.

Se não houver cuidado, o que veremos é a “farra do boi” dos projetos culturais: todos correndo atrás do recurso, sem entregar nada de concreto para a cultura da cidade.

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