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A polarização política no Brasil está trazendo um sério prejuízo para o desenvolvimento social como um todo. Com o avanço da radicalização de posições políticas as pessoas preferem a omissão, a dissimulação e até mesmo o anonimato em grupos de notícias falsas. Esse fenômeno não é novo, mas tem se agravado. Em determinado momento político nas eleições, a narrativa era responsabilizar os governos anteriores sobre tudo o que estivesse errado.
A disputa política no Brasil, desde os presidentes de bairro até a Presidência da República, passando por câmaras de vereadores, sindicatos e outros órgãos públicos, tornou-se predatória. Não avança portanto. Está num limbo de repetições de acontecimentos com novos fatos e novos personagens, lembrando o poeta Cazuza: “…um museu de grandes novidades”.
Depois da síndrome de “vira-latas”, o país vive a síndrome de Richelieu, criador do absolutismo francês, iminência parda do rei Luís XIII. Quase todas as narrativas apresentam “verdades absolutas”. Todos sabem tudo e o fenômeno de lideranças contaminadas pela politização inflamada da política e não pelo idealismo estadista, se espraia pela sociedade de forma corrosiva.
O hábito malicioso de responsabilizar sempre alguém ou algo pela falha administrativa ou política, está baseado na figura do mito, do herói, do salvador da pátria que muitos pretendem se tornar. Uma prática antiga não apenas na democracia. Marco Aurélio, braço direito de César assassinado, usou seu velório como palanque político para incitar o povo contra o Senado e proclamar vingança. Políticos populistas em qualquer tempo da história são impermeáveis a possibilidade de falha pessoal.
O mau hábito de não participação política dos cidadãos brasileiros, ressalve-se o voto obrigatório, desestimulados ainda como fruto das ações castradoras da ditadura militar no Brasil, da corrosão da educação pública em grande parte, da proteção pelas elites do próprio status quo e na atualidade pelo fundamentalismo político, semeia camadas de sombras na transparência política. Os biombos no processo de decisão, burocratizam e atrasam o processo evolutivo do sistema social. O conjunto da sociedade estaciona.
Cenário ideal para os ladrões atacarem. Enquanto os polos cristalizados de razões absolutas se digladiam nos grupos de whatsapp e outros cenários de corrosão política pela incompreensão do próprio valor do conceito pelos que fazem apologias toscas na busca de razões distorcidas, aqueles que se comportam como ratazanas no poder, assaltam sem dó os cofres públicos, sem piedade.
O assalto aos aposentados é o auge da desfaçatez dos gatunos. Já tivemos falsificação de remédios para o câncer, o leite “compensado”, a venda de carne podre e uma série de escândalos coletivos frutos da maldade humana. O roubo dos aposentados deveria ser o último sinal do tamanho de um sol no Brasil, que não é possível pensar a nação apenas por lideranças pontuais e por representações fragilizadas, distantes de suas bases eleitorais.
O Brasil precisa amadurecer com um esforço coletivo apartidário, daqueles que realmente procuram um ideal melhor de nação, para o fortalecimento das instituições e dos poderes. Não é possível manter por muito tempo uma democracia judicializada. É preciso revitalizar um debate amplo, independente da curva de materialização sobre um Brasil parlamentarista, sobre a implantação do voto distrital e a máxima redução de votos monocráticos.
O fundamentalismo político está mergulhando o Brasil na descrença social e, a descrença torna-se prelúdio para o caos, para o suicídio e para eras sombrias que trazem tempestades incontroláveis para o coração das sociedades, que só se estabilizam posteriormente, com graves convulsões, profundas cicatrizes e traumas inesquecíveis.
***Armand Jean du Plessis, Cardeal de Richelieu, Duque de Richelieu e de Fronsac (Paris, 9 de setembro de 1585 – Paris, 4 de dezembro de 1642) foi um político francês, que foi primeiro-ministro de Luís XIII de 1628 a 1642; foi o arquiteto do absolutismo na França e da liderança francesa na Europa.
Miguel Brambilla – jornalista MTB 10.712 / profissional de marketing / escritor / músico / editor de Sabe Caxias /