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Joceni Meregalli – Crédito Leandro Araújo
Medicamentos sozinhos não são capazes de alterar sobrecargas
Joceni Meregalli – Psicóloga e responsável técnica da Célese – Centro de Saúde Mental Corporativo
As doenças psiquiátricas são chamadas de mal do milênio, não por menos, já que atingem a população mundial em todas as idades e lugares, afetando inclusive diversos trabalhadores. No país, boa parte do tempo dos brasileiros é gasta no trabalho, o que torna praticamente impossível que condições mentais não influenciem nesse âmbito. Por vezes, muitas pessoas que não sofriam de distúrbios psicológicos, passam a vivenciar essa realidade em algumas atividades profissionais. Um dos maiores desafios, hoje, é conseguir separar a vida pessoal do ofício e, quando à noite a cabeça não para, a automedicação surge como “alternativa”.
O reflexo disso é constatado nas prateleiras das farmácias. Um estudo realizado pelo The School of Life em parceria com a Robert Half, indicou que 52% dos líderes de equipes e 59% dos colaboradores liderados utilizam medicações para lidar com estresse, ansiedade e burnout no espaço corporativo, porcentagens que integram um cenário onde a maioria não faz o devido acompanhamento médico enquanto toma remédios. Consumir fármacos por conta própria é visto como uma saída mais fácil, mas remediar questões estruturais não impedirá que a sobrecarga, por exemplo, prevaleça. A cultura organizacional das companhias tem impacto direto nessa situação.
Crescemos aprendendo que suportar pressão dentro e fora de casa é sinônimo de força. Quando adultos, esse cenário é reforçado por metas inalcançáveis impostas por nós mesmos e por superiores, além dos reconhecimentos que valorizam esforços desproporcionais e dão a entender que carregar o universo nos ombros é o equivalente a ser uma pessoa capaz e qualificada. Sobre esse viés, a humanização de processos e o acompanhamento psicológico são os fatores principais no alívio do afogamento emocional.
Para que uma transformação resolutiva ocorra tanto nas organizações quanto na vida dos membros de equipe, a discussão sobre saúde mental precisa deixar de ser um tabu e assumir papel central nas instituições. Indivíduos e empresas devem compreender que o investimento em bem-estar psicológico não é um gasto, mas uma qualificação que pode apresentar melhorias e inclusive, retorno financeiro para ambos os lados.