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Além do dever de homenagear as vítimas, o aniversário de um ano das enchentes nos proporciona um momento de reflexão. O que fizemos de errado? No que precisamos melhorar?
Achar que nossa vulnerabilidade veio apenas de “falhas de planejamento” me parece uma ilusão. Manobrar as forças da natureza custa caro. As pesadas obras para evitar inundações exigem grande volume de recursos públicos que, em última análise, precisam ser retirados das famílias e das empresas via tributação. O invejado sistema de proteção dos Países Baixos não é feito só de planejamento.
Além disso, algumas obras são tão caras a ponto de serem inviáveis, mesmo para países ricos. Assim, nem toda a resiliência virá de intervenções que evitem alagamentos, mas sim da capacidade financeira de famílias e de empresas para se mudar para locais não alagáveis.
Vira e mexe, portanto, nossa capacidade de lidar com eventos extremos sempre estará ligada ao desenvolvimento econômico: às condições de renda das famílias e à robustez financeira das empresas. Uma população de renda mais elevada gera mais arrecadação para as obras e serviços de proteção. Com mais renda, mais famílias conseguem viver em áreas e imóveis menos vulneráveis e têm mais recursos para realizar ações emergenciais, como procurar locais provisórios de moradia e auxiliar quem precisa. Empresas mais sólidas conseguem tomar e pagar as dívidas causadas pelos estragos mais facilmente.
Se realmente queremos aumentar nossa resiliência, portanto, não podemos concentrar esperanças apenas em fundos formados pontualmente, com recursos insuficientes. Devemos ser mais exigentes e ousados na rotina de escolha das políticas públicas que determina o desenvolvimento do estado e do país. São fatores como educação e infraestrutura de qualidade e um ambiente de negócios que permita ganhos de produtividade às empresas, estimulando investimentos e inovação, que podem deixar a população gaúcha mais rica e nos conceder o verdadeiro poder de resiliência que tanto almejamos.
Divulgação Sabe Caxias: