Vida Espírita por Miguel Brambilla

 Vida Espírita. No nosso caminho de evolução, passaremos por filtros, espinheiros, pedregulhos. As vezes aqueles de quem mais esperamos amor, nos ignoram em seus momentos de felicidade, apesar de solidarizarem suas dores conosco em busca de consolo. A Doutrina Espírita não é um santificador automático de pessoas. Filosofia, ciência, religião, exige de todos nós capacidade de reflexão, de espelhamento, de controle dos pensamentos e emoções. Esse exercício de ser, até mesmo na questão da teia de energias que nos envolve no planeta ao qual fomos semeados por Deus, é semelhante a semente posta na terra e que para sobreviver, precisa querer crescer e trabalhar com os nutrientes que dispõe. Alguns são venenosos, contagiosos, algumas são pragas, mas mesmo assim o objetivo da planta continua sendo crescer, florescer, frutificar. Apesar da corrupção do lodo, a orquídea não se transforma em planta urtiga, traindo sua natureza.
Apesar de tudo ser sagrado na natureza de Deus, a dor é uma realidade neste mundo de provas e expiações. Revelam-se no amor e na dor os verdadeiros corações. Não por acaso, o Evangelho Segundo o Espiritismo trata dos “laços de família”, dos “benefícios pagos com a ingratidão”. Se considerarmos todo esse mecanismo e as distorções psíquicas que ainda existem neste plano, o algoz sempre se julga no direito da vingança e sempre considera-se vítima. O orgulho ofendido sempre se julga no direito de ser o cobrador com juros, dividendos e correções monetárias, mágoas enlodadas que ele carrega no fundo da alma, esperando a oportunidade de cinicamente distorcer a dor causada pelo contragolpe ao qual espreita as vezes por séculos e múltiplas encarnações. Ser humilde e mostrar a outra face nestas ocasiões significa o que? Ser fantoche das sombras? Por que os maliciosos são capazes de usar ardilosamente seus corações com chantagens emocionais e interesses escusos se a mínima empatia com os sentimentos alheios e ainda como se diz no direito, “inverter o ônus da prova”, ou seja, culpam a vítima pelo “estupro”. É preciso saber limitar as ações do mal, principalmente neste momento de extrema dificuldade. Não é a prova da santidade que está sendo aplicada aos cristãos, aos espíritas de todo mundo. A prova é de coragem novamente. Coragem para não aceitar a ação do mal, do ciúmes, da maldade que continua espinhando as vezes melifluamente a realidade dos fatos, com toques insinuantes de picardia em meio a semeadura do bem. A corrupção é insinuante como a língua do sibilante que se recolhe após o sibilar e se espreita nas folhas secas, mimetizando-se para o bote. O maldoso insinua na fala divertida, escondendo a mão que dá o tapa, mesmo que com objetivo de possivelmente se locupletar com o veneno espirrado por soluço, impulso ou sugestão maliciosa. Ninguém propõe a corrupção de forma explícita. Sempre tem um “tô brincando”, um “não quis dizer isso”. e por aí adiante quando se testam valores. Ainda estamos num meio de escolhas e estaremos sempre subordinados as Leis de Causa e Efeito, estáveis, divinas, universais. A hora é de amor, mas na atrofia dos corações ardilosos, a difícil escolha do presente é justamente suportar a evolução alheia, por que o ciúmes corrói a alma de quem deixou o tempo passar sem buscar pela caridade. Na rota escarpada e difícil do progresso das almas, os desesperados sempre buscarão o “calcanhar de Aquiles” do Cristão com o maldoso pensamento oculto: “não cairei sozinho”. Persistir é um caminho que exige coragem. A tristeza acompanha o nascimento da asa do bem, mas ao abolir-se a vingança, já se avançou no progresso da luz. O tempo de cada um, se não cuidado pelo seu próprio detentor, cai nas contas do débito da Justiça Divina, que é perfeita e amorosa.

Divulgação Sabe Caxias:

 

 

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