Saúde / Conheça a relação entre as hepatites virais e o câncer de fígado

O vírus da hepatite C, doença silenciosa que acomete cerca de 500 mil pessoas no Brasil, é a principal causa de cirrose hepática e câncer de fígado no país. Porém, possui uma linha de diagnóstico e tratamento eficientes. Isso é possível graças à maior disponibilidade de testes rápidos nas unidades básicas de saúde e de drogas antivirais orais que levam à cura em mais de 95% dos casos após três meses de tratamento.

O gastroenterologista e hepatologista da Oncoclínicas RS, Dr. Marcos Mucenic, destaca que os novos tratamentos contra hepatite C levaram a uma verdadeira revolução no tratamento desta doença, nos últimos 10 anos. Cabe ressaltar que, apesar do tratamento eficaz, ainda se estima que mais da metade dos portadores desconhecem o seu diagnóstico. A Sociedade Brasileira de Hepatologia e a Associação Gaúcha para os Estudos do Fígado têm trabalhado, para que os meios de comunicação e mídias em geral levem mais pessoas a buscarem o diagnóstico. Indivíduos com mais de 40 anos são considerados o grupo prioritário para realizar o teste.

Dr. Marcos ressalta ainda que a hepatite B apresenta maior complexidade no seu diagnóstico pela presença de diferentes marcadores laboratoriais: HBsAg (que indica infecção crônica, quando presente por mais de seis meses), anti-HBc (que indica contato prévio) e anti-HBs (que indica imunidade). O tratamento é feito por tempo indeterminado com medicamentos orais disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) que suprimem a replicação do vírus, mas raramente levam à cura virológica da infecção pela variante B.

Segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde 2020, a incidência atual da hepatite B foi estimada em 6,6 casos por 100.000 habitantes em 2019, com maior número de casos na região Norte e em indivíduos sexualmente ativos após os 20 anos de idade em todo o Brasil. A hepatite B é transmitida por via sexual ou de mãe para filho durante a gestação e parto, podendo ser prevenida pelo uso de preservativos e acompanhamento pré-natal.

A vacinação é uma forma de prevenção e está disponível pelo SUS para qualquer faixa etária. No entanto, dados atuais do Ministério da Saúde mostram que apenas 49% da população brasileira fez uso das três doses da vacina necessárias para adequada imunização. As principais causas são o desconhecimento do seu benefício, hesitação vacinal ou ação dos movimentos antivacina que têm prejudicado não só a vacinação contra a COVID-19, mas também a do sarampo e da hepatite B, a despeito da segurança e eficácia destes imunizantes. A eficácia da vacina para hepatite B é estimada em mais de 95%.

O hepatocarcinoma (câncer de fígado) é o quinto tipo de câncer mais comum em homens e o sétimo em mulheres, diagnosticado todos os anos em mais de meio milhão de pessoas por todo o mundo, sendo que os indivíduos com hepatites virais têm maior risco de desenvolver a doença. A maioria de casos deste tipo de câncer, cerca de 85%, ocorre nos países em desenvolvimento, na faixa etária antes dos 40 anos e atinge pico aproximadamente aos 70 anos. A taxa de prevalência do câncer do fígado entre os homens é de duas a quatro vezes maior que a taxa entre as mulheres.

Prevenção

De acordo com o oncologista Dr. Gabriel Prolla, a melhor forma de prevenção do câncer de fígado é evitar fatores de riscos associados à transmissão do vírus da hepatite B e C pela via percutânea ou sanguínea como uso de drogas injetáveis, relação sexual com parceiro portador de hepatite, uso de agulhas não-estéreis entre outros. A identificação no pré-natal de gestantes com hepatite B pode diminuir a transmissão para a criança pelo uso de imunoglobulinas e vacina para hepatite B nas primeiras horas após o parto.

O tratamento da hepatite B ou C provavelmente é eficaz em evitar o surgimento do câncer de fígado no futuro, além de evitar a progressão da hepatite para cirrose. A vacinação também é uma forma eficaz e segura de evitar a hepatite B e diminuir o risco de câncer do fígado. A vacinação deve ser oferecida a todos com risco aumentado de contrair o vírus da hepatite B a fim de diminuir o risco de câncer do fígado. O consumo pesado de álcool é um fator de risco prevenível de cirrose e, subsequentemente, de câncer do fígado.

Para os pacientes com cirrose ou hepatites virais crônicas B e C, que têm maior risco de câncer de fígado, o rastreamento com exames de imagem e laboratoriais permite um diagnóstico precoce com maior chance de cura. Já o tratamento do câncer de fígado depende do estágio do câncer e do grau de cirrose de cada caso. Os pacientes com câncer de fígado podem ser tratados com cirurgia, transplante de fígado, técnicas de ablação do tumor (embolização, ablação por radiofrequência ou crioterapia e radioterapia) ou tratamentos com drogas antineoplásicas. Como esses tratamentos podem ser realizados isoladamente ou combinados, a indicação é de que o paciente seja avaliado por equipes multidisciplinares.

Divulgação Sabe Caxias:

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *