Um dos varejos de moda mais tradicionais do Rio Grande do Sul, ícone da paisagem urbana caxiense, testemunha das transformações econômicas e sociais da Serra Gaúcha, incentivadora e palco de espetáculos inesquecíveis para gerações. A Magnabosco se encaixa em muitas definições e chega aos 110 anos celebrando sua própria história, sua conexão com a memória coletiva da região e o êxito de um negócio altamente competitivo.

A longa jornada é retratada de forma rica no livro Magnabosco: Um Magazine Chamado Tempo, apresentado em evento especial neste domingo (28) para parceiros e convidados no Hotel Samuara, em Caxias do Sul. São quase 300 páginas que entrelaçam a história da empresa com o passar das décadas, ressaltando a forte identificação da marca com sua cidade de origem e com a cultura italiana. Centenas de fotos do acervo da família Magnabosco — muitas inéditas ou restritas ao círculo familiar — ilustram a obra, produzida pela jornalista Valquíria Vita, da Legado Histórias de Vida.

A narrativa também ganha voz de pessoas que fizeram parte desse percurso. A publicação reúne mais de 30 depoimentos, incluindo o de Lucy Magnabosco de Paula Moreira, filha dos fundadores Raymundo e Flora Magnabosco, de representantes de entidades locais e de executivos de marcas de moda nacionais e internacionais, parceiras de longa data. O livro está disponível para compra na loja, a preço especial.

O nome Magnabosco inspira a metáfora que conduz a trajetória do negócio. “Magna” significa grande ou grandiosa; “bosco”, em italiano, quer dizer bosque ou floresta. A obra utiliza a imagem de um bosque fértil, cheio de caminhos e possibilidades — um lugar de permanência, pelas raízes, e também de renovação, pelo surgimento de novos galhos. “Essa é uma representação fiel do que a Magnabosco simboliza”, destaca Pedro Horn Sehbe, CEO e integrante da quarta geração da família fundadora.

“O livro é uma celebração da nossa permanência. É uma forma de valorizar o nosso legado, mas indo além: reconhecer Caxias do Sul e a Serra Gaúcha como palco e testemunhas desta trajetória. O nosso ‘bosque’ está em constante renovação — ainda mais em um setor tão dinâmico quanto o varejo de moda, que exige recomeços a cada estação. Assim como a cidade muda, nós também mudamos, nos reinventamos e seguimos fiéis aos nossos valores e à nossa história”, afirma Pedro.

A Casa Magnabosco foi fundada em 1915, no coração da cidade, ao lado da Catedral Diocesana. Ali, Raymundo Magnabosco, filho de imigrantes italianos, e a esposa, Flora Serafini, transformaram em realidade o sonho do próprio negócio e formaram sua família. Na década de 1930, o casarão de madeira que abrigava a venda de secos e molhados deu lugar ao imponente prédio em estilo Art Déco, projetado pelo arquiteto Sílvio Toigo, tornando-se parte indissociável da paisagem urbana e da história local — e abrindo espaço para a verdadeira vocação da empresa: a moda.

Desde então, a loja tornou-se referência. Suas vitrines sempre refletiram elegância, renovando-se a cada estação, ano e década, em sintonia com o espírito do tempo e com as transformações sociais. De suas sacadas, acompanhava-se a evolução da cidade, em celebrações e momentos históricos — como os desfiles da Festa da Uva — sempre em movimento.

Sempre atuante na comunidade, Raymundo contribuiu de forma decisiva para muitas conquistas dos caxienses, como a criação do Fórum de Caxias do Sul, da Universidade de Caxias do Sul e da efetivação da sede do Clube Juvenil. Também fez parte da Comissão Pró-Bispado, para criação da Diocese de Caxias.

A Magnabosco consolidou-se como símbolo de inovação no varejo ao unir comércio e cultura. Próxima da comunidade, promove eventos próprios, como o tradicional Grande Espetáculo de Natal, na Praça Dante Alighieri, que atrai mais de 30 mil pessoas todos os anos. Também realiza shows gratuitos no Dia dos Namorados e outras ações, como as de Páscoa, tornando-se referência de iniciativa privada na cena cultural da Serra. “Mais que um destino de compras, somos um elo entre a Serra Gaúcha e o mundo”, reforça o CEO.

O mais longevo varejo de moda do Estado chega a 2025 celebrando o sucesso de seu modelo, baseado no conceito de store in store, no qual as principais marcas nacionais e internacionais apresentam suas coleções a diferentes gerações de consumidores. Atualmente, a Magnabosco reúne mais de 150 grifes nacionais e internacionais — promove também lançamentos no conceito pop-up, oferecendo experiências exclusivas em parceria com casas de alta moda como Prada, Saint Laurent, Dolce & Gabbana. Ferragamo e Gucci — colocando Caxias do Sul no mapa global da moda.

Sediada em no ponto comercial mais valorizado da serra gaúcha, a casa conta com quase 5 mil metros quadrados, emprega cerca de 70 pessoas, mantém 85 mil clientes ativos na região e projeta bater recorde de vendas em 2025. Em 2024, alcançou receita de R$ 32 milhões.

Outro destaque é a relação com a academia, por meio de parcerias com instituições como a Universidade de Caxias do Sul (UCS) e o Centro Universitário FSG, especialmente com o curso de Moda, além da cooperação com o Sebrae no projeto Feito na Serra Gaúcha, que valoriza e dá visibilidade à produção local.

Na última segunda-feira (22), a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul promove uma sessão solene em homenagem aos 110 anos. As celebrações seguem nesta segunda (29), com missa em ação de graças pelo aniversário na capela localizada nas dependências da loja, celebrada pelo Frei Jaime Bettega. Encerrando a programação oficial, no dia 16 de outubro, a Assembleia Legislativa do Estado realizará uma homenagem, por proposição do deputado Tiago Simon.